22 de Maio de 2015
Após subir um lance de escada, deparamos-nos, naquele edifício antigo, com um lindo elevador com porta gradeada de ferro. Era um pouco sinistro. O corredor, o clima, enfim parecia cenário de filme de suspense, mas ao entrarmos e sentirmos o conforto e aconchego do apartamento de quatro cômodos grandes, toda a desconfiança desapareceu e logo nos espalhamos para aproveitar daquele espaço e momento agradáveis. Tínhamos um ótimo chuveiro, uma cozinha e lavanderia superequipadas, um quarto grande com uma salinha de jantar e estar conjugadas. Dormimos muito bem e acordamos cedo para conhecer a cidade. Em frente ao prédio havia um café com deliciosas opções para a alegria de Maria, que curtia muito um café de padaria.
23 de Maio de 2015
Tomamos café e andamos poucos metros e logo estávamos à beira do Danúbio, próximas da Liberty Bridge de cor verde, muito linda. Perto também estava o Central Market Hall e ao atravessarmos a ponte, chegamos à Buda, em frente às Termas Gellert. Ao lado havia uma trilha que levava à Citadela, a melhor vista da cidade, mas não fomos lá naquele dia.
Chovia muito na manhã daquele sábado, e Maria ainda estava um pouco abatida pela gripe e não tinha energia para andar por Buda e por Peste. Então compramos tickets do ônibus turísticos Hop-on-Hop-Off que andou por toda a cidade mostrando lugares relevantes enquanto relatava a história de Budapeste. Paramos em vários pontos e retomamos ao ônibus muitas vezes. A arquitetura é incrível! Que pontes maravilhosas! E pensar que foram reconstruídas depois da segunda guerra, em tempo muito curto, mantendo suas características originais, faz com que se tenha mais admiração pela Hungria, tão castigada e tantas vezes reerguida.
À tarde a chuva parou e então subimos pela escadaria (Maria queria ir pelo funicular, mas me seguiu pelas escadas) para irmos ao Castelo de Buda e passamos o resto do dia visitando o Castelo, a Igreja de São Matias e o Bastião dos Pescadores. O tempo mudou totalmente e o céu estava muito azul com algumas nuvens acumuladas, muito brancas. A vista do alto mostrava Peste em todo a sua beleza, onde se destacavam o Parlamento Húngaro e as Pontes.
24 de Maio de 2015
Aproveitamos muito este lindo domingo.
Fomos a pé até o Parlamento Húngaro, maravilhoso; vimos o monumento aos judeus, à beira do Danúbio, as réplicas de sapatos masculinos e femininos feitos de bronze, que fazem lembrar o momento quando os judeus, durante a segunda guerra mundial, tinham seus sapatos retirados antes de serem jogados ao rio. Apesar da beleza do lugar, ver aquele monumento causa uma dor profunda, uma dor que não tem cura, pois fatos como aqueles ainda se repetem por intolerância ou preconceito.
Atravessamos a Chain Bridge, a Elizabeth Bridge e a Margaret Bridge. Fomos à Margaret Island, onde passamos algum tempo tranquilo antes de um almoço especial, em Buda.
Tivemos um dia incrível, bons restaurantes, muitas fotos e terminamos com um passeio de barco pelo Danúbio ao pôr-do-sol. Vimos as cores do entardecer, as luzes acendendo e mostrando os mais lindos pontos turísticos iluminados.
25 de Maio de 2015
Na segunda-feira, minha filha voltou de trem para Viena. Dali em diante eu continuaria a minha viagem solitária. Deixei a estação chorando. Fui para a margem do Danúbio, chovia novamente, uma chuva fina. De repente toda a vontade e toda a energia desapareceram e incrivelmente começaram a doer meus tornozelos, pescoço e dentes, como se um redemoinho entrasse pela minha boca e estressasse todo o meu sistema. Esperei o tempo que restava, antes de poder entrar no hotel que ficaria a partir daquele dia, andando devagar na chuva e nada mais me parecia belo. O tempo ficou escuro e o céu também chorava.
Às 15:00 horas fui para o hotel, tomei um chá e dormi. Quando acordei já estava recuperada. Ainda teria dois dias inteiros para explorar a cidade e seguiria no dia 28 de maio para Salzburg.
Nos dias seguintes experimentei as padarias, sorveterias, cafés e andei de metrô por lugares que ainda não havia ido. Vi a estátua do escritor anônimo no parque Varosigled, subi a pé até a estátua da liberdade no Monte São Geraldo, e tirei fotos incríveis. Fui a Central Market Hall e muitas vezes, fiquei apenas sentada olhando para o Danúbio, refletindo, refletindo sobre a vida. Em um destes dias, um senhor sentou-se ao meu lado e iniciou uma longa conversa em que eu dei toda a atenção. O quanto são preciosos estes momentos com pessoas locais. O quanto sou grata por ter encontrado pessoas tão interessantes.
28 de Maio de 2015,
Antes de entrar na Budapeste Keleti, Estação central de trem, entrei em um Mcdonalds para um sanduíche antes de partir. E também, é claro, para aproveitar um pouco da internet. Doei minhas moedas húngaras (Forint) e parti para a Áustria. O trem faria conexão em Viena. Então ainda sentiria o cheirinho de Maria, antes de ir para o oeste, conhecer a Cidade de Mozart.
