VIENA

15 de Maio de 2015

Depois do encantamento de Praga fui para Viena de trem e encontrei minha filha, que estava estudando na Universidade de Viena. Ela estava adoentada, com gripe, abatida e visivelmente triste.

Então fiquei dois dias em um hotel e fui,  no fim do domingo 17 de maio,  para o apartamento dela. Eu tinha antigripais na bagagem, que foram úteis na ocasião.

Quando cheguei à cidade de Strauss, na sexta-feira, no fim de tarde, esperavam-me na estação minha filha e uma amiga que veio visitá-la; uma amiga brasileira que estava estudando na Universidade de Innsbruck.

Ganhei  tempo e experiência com isso. Elas de imediato me derem um mapa do Metrô e fomos  ao hotel em que eu ficaria hospedada, para deixar a bagagem. Era longe da estação, mas o sistema de transporte é tão perfeito que o metrô atende a todas as regiões de Viena com rapidez e eficiência.

Voltamos para o Centro onde está a Stephansdom,  aquele linda catedral com telhado colorido. Fomos procurar um lugar interessante para jantar e enquanto procurávamos olhávamos atentamente para tudo.  Comemos Schnitzel com batatas, especialidade vienense que agradava a todas.

Após o jantar, fui para o hotel e elas para o apartamento onde minha filha estava morando, um local para estudantes.

No dia seguinte, no sábado combinamos de nos encontrar em uma intersecção de linhas do metrô. Comprei meu passe para 24 horas na máquina e as encontrei em um ponto de encontro das linhas amarela e roxa.

Naquele sábado fomos ao Palácio e jardim Hofburg,  aos arredores do  Kunsthistorisches Museum, em uma linda Igreja às margens do Danúbio, Igreja de São Francisco de Assis. Em seguida almoçamos, fomos ao Stadion, um shopping Mall próximo ao Donau Marina, e fomos ao supermercado.

No fim do dia, minha filha e sua amiga voltaram para o apartamento e eu fui com elas para ver o endereço, pois iria para lá no dia seguinte. Na volta vi o pôr-do-sol no Rio Danúbio. Não voltei para o hotel ainda, fui ao Centro de Viena próximo a Stephansdom,  e andando um pouco mais, ao lado da Wiener StaatsOper,  cujo teatro estava lotado, foram colocadas cadeiras diante de uma grande tela de projeção, onde era possível assistir à opera Henrique VIII, que estava sendo encenada naquele momento no teatro. Havia uma chuva fina que a sombrinha era capaz de barrar. Então escolhi uma cadeira e sentei para assistir.

Depois voltei para o hotel.

17 de Maio de 2015

No dia seguinte de manhã, no domingo, fui encontrar as meninas na Stephansdom,  durante a missa. A missa era acompanhada pela Orquestra de Viena. Maravilhosa. Após a missa fomos ver a Peterkirche, e depois pegamos o Metrô e decidimos não almoçar, e  sim irmos ao Café Sacher experimentar a torta Sacher. E assim fizemos. Após fomos para o Prater, parque de diversões onde está a Wiener Riesenrad, a roda gigante de Viena entre outros brinquedos e guloseimas.

 Tiramos fotos, voltamos para área dos Museus, novamente decidimos não entrar,  pois haveria tempo durante a semana.

Domingo à noite fui do hotel para o apartamento. Teria de segunda a quinta-feira para explorar a cidade antes de irmos para Budapeste.

A primeira coisa que fiz na segunda-feira foi descer do metrô no Donau Marina e ir andando ao longo do Danúbio. Assim que iniciei a caminhada encontrei uma papoula solitária e depois mais três. A Ponte sobre o rio, moderna e brilhante, fez com que eu parasse para fotografar. Sentei  em um banco e fiquei ali ainda por algum tempo. Era o porto dos cruzeiros pelo Danúbio, que vinham da Alemanha, cruzavam a Áustria, iam para Eslováquia e depois para a Hungria.

Era a primeira vez que eu via o Danúbio. Não era azul, conforme Strauss denominou em sua valsa. Apesar da sua grande importância não me provocou a mesma paixão que o Reno me causou. Talvez por causa da cor verde do Reno, ou da sua energia. Eu não sei. Os rios me fascinam, assim como as pontes, mas o Reno causa mais que fascinação.

Continuei minha caminhada e cheguei na Trinitarierkirche zum Heiligen Franz vom Assisi e lá fui novamente, e lá rezei novamente. Vi os corvos que eu jurava eram meios corvos e meios pombos. Atravessei a ponte e fui para o lado dos grandes prédios de arquitetura ultramoderna. Entrei na estação do metrô e fui para o Centro, desta vez para o Volksgarten onde fiquei por algum tempo. Estava coberto de rosas de todas as cores. Almocei em um restaurante dentro do jardim e comi pela primeira vez Salsicha branca com batatas. Adorei.

Os Museus não abrem na segunda-feira e eu tentei depois por duas vezes ir ao Kunsthistorisches Museum e não o encontrei aberto. Pretendia ir apenas neste e no Belvedere. Fui ao Belvedere no dia seguinte, primeiro no jardim que muito me interessou com todas as plantas catalogadas assim como as suas muitas ervas medicinais. Depois  fui para o museu, principal e menor, e não imaginava o que eu ia encontrar lá, não sabia o impacto que me causaria e que, desde então, só penso em voltar.

Sim eu vi as lindas obras de Gustav Klimt! As mais lindas estavam lá com seu brilho dourado em sala escurecida. Fiquei lá por muito tempo, muito tempo, tanto tempo que descobri pela primeira vez um artista que não conhecia antes, que me chamou a atenção pela força daquele quadro chamado “ O Abraço” e olhei tanto que eu vi onde começava a influência de Klimt nas obras e onde elas terminavam; e vi os casarios em tons de terra, enfim ele se apresentava para mim. Era Egon Schiele com toda a sua ousadia. No ano seguinte fui à Ceski  Krumlov, na vizinha Republica Tcheca,  ver seu museu e a linda cidadezinha por ele pintada e perpetuada.

Os jardins do Palácio Belvedere também são lindos e convidam a ali ficar para refletir. Refletir é o que mais se faz em uma viagem do estilo da minha. Além da contemplação da beleza  abundante deste nosso planeta, contemplação esta que nos ensina a meditar naturalmente, há o prazer de ver e ouvir as obras dos artistas que por vezes passam por aqui tão rapidamente como Schiele e Schubert, que produziram tanto, em tão pouco tempo, como se soubessem que o tempo era curto para eles.

21 de Maio de 2015

Na manhã desse dia eu passei algumas horas no Parque da Cidade entre as estátuas de Strauss, Mozart, Schubert e Schindler, conversando com eles, em pensamento, sobre música,  é claro. Encontrei mais uns pares de papoulas de cor rosa salmão, diferentes e lindas. Estava me despedindo, mas não sabia que algo se reservava para mim naquela tarde. Seria o último dia de exploração antes de partir para Budapeste no dia seguinte. Depois de almoçar algo no Mc Donalds, desta vez para usar a internet pois naquele ano eu não tinha chip e ainda era difícil de encontrar conexão wi-fi; então eu ia e voltava em alguns pontos onde eu sabia que havia sinal e tomadas para carregar meu celular; os três lugares escolhidos estavam distantes um dos outros; eles eram o Mc Donalds no centro, o Shopping center Stadion e o Café Segafredo na Estação de Trem. Meu passe diário de metro que custava 16,50 euros me permitia essa movimentação constante; então eu fui na Peterkirche apenas para descansar, mas quando lá cheguei havia uma apresentação de uma soprano cantando as Ave Maria de diversos compositores acompanhada pelo órgão da igreja. Foi tão lindo, tão incrível, que eu recebi como se fosse um presente. Eu chorei. A acústica, o som celestial do órgão, a voz perfeita da soprano, era como se fosse algo realmente do céu e não da terra. Como ela estava acima de todos, no lugar destinado ao órgão, de frente para o altar,  não era vista, apenas soava vindo do alto daquela linda igreja católica barroca, eu poderia ter certeza que não eram terrenos aqueles angelicais instrumentos de cordas. Foi muito especial.

22 de Maio de 2015

Pegamos o trem para Budapeste. Trem lotado. Pequena cabine de segunda classe com mulheres e bagagens. O idioma tcheco entrava e não encontrava nenhum significado nos meus parâmetros cerebrais. As duas mulheres sentadas uma para a outra, que se percebia tratar de mãe e filha,  não pararam de falar um único minuto. O assunto era inesgotável e a vontade de entender uma palavra pelo menos durou até a chegada à Hungria e a nossa atenção se voltar para a estação de parada que não sei por qual motivo fomos aconselhadas a descer. Sim era a estação onde eu teria acesso ao metrô que me levaria ao apartamento em Peste, próximo à Erzbeth Bridge, sobre o rio Danúbio. Uma chuva fina e uma escada com muitos degraus nos esperava, minha grande mochila alemã e minha mala pareciam pesar o dobro naquela escada que parecia “stairway to heaven” sem trilha sonora. Mas chegamos lá e não foi tudo. O chip austríaco não funcionou em Budapeste e tínhamos que chegar ao apartamento até às 20:00 horas. Mas como solidariedade é um elementos que jamais faltou em toda a minha viagem, uma menina emprestou seu celular para que fizéssemos a chamada. E lá fomos nós de metrô até o endereço. Parecia tão fácil. Mas não foi. Não havia uma sequencia lógica de numeração na rua indicada. Mas uma vez a solidariedade se apresenta em forma de um gentil rapaz que ligou do seu celular, após tentar nos ajudar a encontrar a tal numeração, e que também não teve sucesso. Ligou então, e a locadora veio nos buscar e nos levou até o endereço que seria impossível encontrar. Mas o edifício antigo era muito interessante. E o apartamento era grande e confortável com tudo o que eu precisava para colocar minhas roupas e cabelos em ordem, e matar o desejo de tomar o meu café, o meu chá, comer muitas frutinhas, müsli e iogurte no café da manhã, enfim de ficar confortavelmente por cinco dias em Budapeste.

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