PRAGA

9 de maio de 2015

Não tirei os olhos da paisagem entre Dresden e Praga, viagem em trem lotado de um sábado. O Rio Vltava e suas margens coberta com grama nova de um verde novo, mostrava casinhas com chaminés fumegantes.

Ao ver a primeira ponte, a paisagem mudou e se descortinava algo que não tinha visto ainda.

Uma vez mais o motorista de táxi me cobrou bastante caro para me levar muito perto. Como estava sem internet, não tinha noção da distância entre a Estação de trem e o hotel. Não posso considerar isso como uma boa recepção, mas aconteceu em Amsterdã, em Bruxelas e agora em Praga. De certa maneira, serve para que se fique alerta.

O Hotel era uma daquelas casas antigas barrocas que foram reformadas, mas que ainda mantinha características do estilo na parte externa e interna. O restaurante ficava no subsolo com arcadas nas aberturas e o pé direito um pouco rebaixado. Pensar que os proprietários daquelas casas tiveram que abandoná-las e ir para outro país em busca de refúgio, fez voltar a sentir meus pés doerem um pouco.

O sinal de wi-fi  só era acessado na recepção, então passei bastante tempo neste lugar, o que fez com que eu convivesse com as pessoas.

Acordei  muito cedo no dia seguinte ansiosa para ir ver a cidade.

No primeiro dia caminhei devagar, meus pés não estavam totalmente curados ainda. Mas na terça-feira já pude explorar a cidade com mais agilidade.

É uma cidade lindíssima. A arquitetura apresenta diferentes estilos totalmente preservados. As diferentes cores dos edifícios barrocos dão um ar alegre à cidade que é tão linda que a mesma paisagem vista em diferentes horas do dia parece outro lugar com outros detalhes a serem observados. O Rio Vltava e as lindas pontes são um espetáculo especial, e a casa dançante em estilo moderno surpreende.

Fiquei seis dias e foram insuficientes e eu planejei voltar no ano seguinte para explorar mais e melhor.

Então a cidade encanta pela arquitetura, pela gastronomia e pela riqueza cultural. Na cidade velha, Staré Mesto, além do famoso Orloj, um relógio astronômico que é a maior atração do lugar, há o bairro Josefstadt com belíssimas e luxuosas casas que foram tomadas dos judeus, e que hoje são lojas de grandes marcas. Ainda na cidade velha, encontram-se o gueto, o cemitério judaico, a sinagoga, a casa onde nasceu Franz Kafka, assim com a estátua que caracteriza a obra “Carta ao Pai” , referente à carta escrita ao pai e nunca enviada, de mais de cem páginas, e que foi publicada após a morte do escritor.

O Museu de Franz Kafka está no bairro Mala Strana, na casa onde ele morou por um tempo, onde escreveu alguns de seus trabalhos e descreveu o que via de sua janela. Lá estão muitos documentos e cartas que mantém viva a memória do autor de “A Metamorfose” , um ícone da literatura pós-moderna, que deixou sua marca através da escrita melancólica, sendo considerado um dos escritores mais influentes do século XX.

Atravessando a Ponte Charles, com suas estátuas de santos,  segue-se para o Castelo de Praga, Hradcany, e ao lado deste a Linda Igreja Gótica de São Vito.

Em Nové Mesto (cidade nova) encontra-se o Teatro da Cidade, o mesmo teatro que estreou a ópera Don Giovanni, de Mozart.

É uma das cidades mais lindas que já vi, e o que eu não vi, por falta de tempo,  nesta viagem de 2015, voltei para ver no ano seguinte, quando lá passei mais dez dias. Fui então à Biblioteca Klementinun,  e vi os primeiros instrumentos de estudo astronômico; subi na torre de observação das estrelas e avistei Praga na altura de seus telhados. Vi que as cores harmoniosas e semelhantes das coberturas ocres, mostram o interesse pela beleza e o capricho mesmo naquilo que só se vê estando no alto. Revisitei restaurantes maravilhosos, comi pela segunda vez o melhor Goulasch servido no pão rústico recentemente assado no Restaurante Grego Katocombi (embora o prato seja de origem austro-húngara) e voltei a  outros restaurantes também com perfeitos cardápios, desde os sabores suaves dos aspargos com peixes às carnes com molhos fortes. E tomei mais uma vez a cerveja considerada a melhor do mundo. Enfim deixei-me envolver pelo clima da cidade na primavera que é festivo, com muita musica e apresentações públicas por todos os lugares que se passe.

Tive a oportunidade de ver a manutenção nos trilhos do trem, e observar o quanto novas eram as porcas e os parafusos e quanto preservados eram os trilhos daquele trecho que a minha atenção estava voltada.

Andei à pé e de metrô  e por fim fui de ônibus para Cesky Krumlov,  para ver o Museu de Egon Schiele e vi muito mais que isso. Uma linda e pequenina cidade, com 22 Km² e com o maior castelo da Republica Tcheca dominando a paisagem no seu ponto mais alto, com arquitetura de características gótica, renascentista e barroca, de onde se avista toda a cidade que é  abraçada pelo Rio Vltava e que provocou no artista, Schiele, a necessidade de pintá-la, resultando em vários quadros que convidam a conhecer este lugar que é patrimônio histórico mundial.

A viagem de ônibus de Praga à Cesky Krumlov foi outra deliciosa experiência visual. Ver os campos amarelos das plantações e as pequenas cidades, as paisagens encantadoras que fazem bem aos olhos e ao coração.

Voltando a 2015, lembro que no último dia, 15 de maio, eu fui ao Castelo de Praga, antes de embarcar, tomei um vinho quente, e sentei-me na praça em frente a Igreja, despedindo-me do lugar que eu pretendia voltar para ver e explorar mais, pois parecia ter sido  insuficiente.

Naquele dia eu iria para Viena e lá encontraria minha filha, após um mês viajando sozinha pela primeira vez.

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