MUNIQUE (MÜNCHEN)

2 de Junho de 2015

Munique: cheguei a Munique em uma hora e trinta minutos de trem vindo de Salzburg -Hbf.

Estava quente, e a alegria da cidade me surpreendeu. Muitas pessoas estavam sentadas em torno do Chafariz para se refrescarem. Eu tinha poucas roupas frescas e precisei entrar em uma das muitas lojas que se enfileiram desde a Karlplatz até Marienplatz para comprar roupas mais confortáveis.

Por sorte meu hotel ficava a alguns passos da estação central e de praças movimentadas. Por dois dias explorei toda a região central, visitando igrejas, jardins, confeitarias, feiras, comendo salsichas e apfelstrudel e mapeando a cidade.

Sentar em algum restaurante próximo a Marienplatz, além de obter uma típica refeição e um copo duplo de cerveja, é poder ouvir musicas de vários estilos e qualidades. O movimento de pessoas é intenso, e estando próximas do verão, elas vêm de todos os lugares, vestindo roupas coloridas, mostrando-se alegres e descontraídas, combinando com o clima de Munique, uma cidade grande com jeito de cidade pequena, simpática e aconchegante.

O alemão Manuel, e o francês Maurice, recepcionistas do Hotel onde eu estava, tornaram-se rapidamente meus amigos e me orientaram sobre como aproveitar o tempo em Munique. No meu retorno a Munique em 2016, hospedei-me no mesmo hotel somente para conversar com aquelas duas pessoas tão amáveis.

Conversar com pessoas interessantes em uma viagem é tão importante quanto visitar monumentos, museus ou igrejas. Às vezes é até mais importante ouvir suas histórias de vida, suas peculiaridades, experiências muitas vezes tão diferentes das nossas, tão inéditas, que sempre nos ensinam algo.

4 de Junho de 2015

Tomei um trem e fui para Füssen, em uma viagem de um dia. O trem estava lotado de turistas do mundo inteiro. Os passageiros, inclusive eu, ficamos de pé ou sentados nas escadas, ou ainda no chão dos vagões. Uma viagem de duas horas até a Estação de trem de Füssen, e de lá, um ônibus que espera nas proximidades, leva os turistas para Schwangau.

Estava um lindo dia para caminhar na floresta e para ver os dois castelos e o lindo lago, Alpsee. Caminhar na floresta para mim significa purificar minha energia, renovar minha essência, harmonizar meu espírito. Os sons e os cheiros, o verde e o azul se revezando, só são menos especiais do que ver a água transparente de um rio, córrego ou cachoeira fluir e ouvir a música das águas envolvendo os sentidos.

Tocar a água gelada, ver o brilho do sol refletindo fazendo brilhar as pequenas pedras, ouvir os pássaros e sentir o perfume da mata é ainda a melhor terapia para curar os danos causados pelas rotinas modernas.

Neuschwanstein é o Castelo no alto da montanha, construído pelo Rei Ludwig II da Baviera, nos século XIX que foi inspirado pela obra de Richard Wagner, Lohengrin, o Cavaleiro do Cisne.

( add)” Voltei a Schwangau no outono de 2019. Eu quis ver a paisagem de outono e mais uma vez me surpreendi com a beleza da vegetação colorida variando do amarelo ao vermelho e também do verde das árvores de folhas perenes, tornando os Castelos e especialmente o Alpsee lindamente emoldurados. “

Voltei para Munique com os olhos cheios de muita beleza, e cheguei antes de anoitecer. Jantei em um restaurante chinês encostado ao hotel e retornei ao meu quarto onde organizei minhas fotos, mandei mensagens e fui dormir tranquilamente.

5 de Junho de 2015

 Neste dia, no fim da tarde, caminhei até a Marienplatz e de lá por outros caminhos fui até a Residenzstrasse, mas não entrei no Residenz Palace, segui até a Operhaus. Lindo e majestoso teatro com suas suntuosas colunas. À porta estavam dois recepcionistas, vestido a rigor, recebendo os tickets dos espectadores vestidos elegantemente, mulheres em seus vestidos longos, muito brilho, e o perfume francês que exalava por toda a praça na frente do Teatro.

Fiquei curiosa para saber qual peça estariam aquelas pessoas indo assistir, mas não vi nenhum cartaz, nenhuma informação que sugerisse algo sobre o evento.

Saído dali, entrei em uma Confeitaria em uma galeria com mesas sob guarda-sois. As mesas estavam ocupadas por senhoras e senhores bem vestidos e perfumados deleitando-se com sorvetes e outros doces gelados. Então sentei e tomei um café, um suco de laranja e um apfelstrudel com creme de baunilha. Custaram 15 euros e não era nada especial. Comparado ao Apfelstrudel de Salzburg, este era menos que regular.

6 de Junho de 2015

Fui ao Englisher Garten und Japanischer Garten. Um jardim enorme, lindo, um lugar de convivência, de estudo, de encontros, de descanso, de bronzeamento, de surfing, de diversão, principalmente no Bier Garten, onde há comida alemã e cerveja em grande quantidade, com uma banda para animar as pessoas.

É uma área enorme, lindamente arborizada. Com lagos e rio, grama, ciclovias e aves. Passei um longo tempo neste lugar. Pude refletir sobre a importância dos jardins em uma cidade.

Em uma viagem solitária observamos muito, caminhamos muito, contemplamos muito, comemos pouco, e refletimos muito.

O quanto nos torna mais saudáveis uma viagem. O quanto aprendendo sobre a simplicidade em uma viagem. O quanto constatamos de que precisamos muito menos do que costumávamos pensar.

7 de Junho de 2015

Minha viagem atingiu o auge da beleza feita por Deus. Vi duas coisas lindas no mesmo lugar, uma nas alturas e a outra sob o solo. Os Alpes e o lago Eibsee. Subi através de um cablecar nas montanhas geladas de Garmisch Partenkirchen, no Zugspitze, a 2962 metros. Era a primeira vez que eu subia tanto. Mesmo no fim da primavera, as montanhas com mais de 2.500 m de altura mantém-se congeladas, provocando aquela visão celestial que só uma montanha coberta de gelo e neve é capaz de causar. Abaixo, está o Lago Eibsee, com cores que variam do verde ao azul mais escuro, produz uma serenidade, uma paz tão profunda que poderia jurar que ali vivem os anjos. Do alto das montanhas observa-se a Alemanha, a Áustria, a Suíça e Itália.

Retornei a Munique em 2016 e 2019 para visitar outros lugares e outros museus.

SALZBURG

Cheguei à Estação de Trem de Salzburgo, Áustria,  no fim da tarde de 28 de maio de 2015.

Uma cidade com aproximadamente 150 mil habitantes, situada às margens do Rio Salzach, cujo centro histórico é Patrimônio Mundial da Unesco.

Não sabia muito sobre a cidade antes de lá chegar. Sem saber da orientação do hotel, pois estava sem GPS, pedi a uma senhora informações e ela gentilmente foi até o endereço comigo, conversando amigavelmente.  Novamente eu fui agraciada com essa delicadeza de atitude, exemplo a ser seguido, e que jamais esquecerei.

Entrei no Hotel, cuja porta estava aberta, mas não havia ninguém na recepção. Sentei em um dos sofás da sala em frente e esperei que alguém chegasse para que eu me registrasse. Logo em seguida veio um senhor que conferiu minha reserva, deu as chaves do meu quarto e eu me instalei rapidamente para sair e olhar a cidade.

Estava muito próxima do Rio Salzach e de uma das pontes. Observei que teria que atravessá-la para ir para a Altstadt, então decidi antes ir jantar, pois na saída de Budapeste tinha comido um sanduiche no MacDonald´s e estava com fome. Entrei em um restaurante italiano próximo ao hotel e comi um macarrão com molho de queijo e depois disso voltei à Estação de Trem, também bem próxima, e comprei frutas, água e chocolate para emergências.

Ainda dei uma caminhada ao longo do rio e voltei ao hotel, pois estava cansada e o dia estava terminando.

29 de maio de 2015

 Após o café da manhã, fui para o Centro Histórico atravessando a ponte para pedestres cujas grades de proteção estavam cobertas de cadeados dos muitos pares românticos que ali deixaram uma prova da relação amorosa que pretendem manter intacta, e que fica justamente entre o Hotel e Café Sacher, aquele da torta Sacher que já havia experimentado em Viena, e a Altstaadt. Andei até chegar à Getreidegasse,  uma rua somente para pedestres cujas placas de identificação dos estabelecimentos comerciais, especialmente desenhadas em material metálico colorido, com motivos criativos e harmoniosos, conferem personalidade àquela rua, tornando-a uma atração artística . Nesta rua também se encontra a casa onde Mozart nasceu, transformada em museu, além de muitos restaurantes, lojas e cafés. Lá, exatamente, eu provei um delicioso Apfelstrudel, do qual não posso esquecer o sabor da delicada massa folhada, em camadas finíssimas, além é claro do recheio de doce de maçã delicioso.

Esse centro histórico é pequeno e facilmente chega-se à Catedral de Salzburg, à Praça da Catedral onde há feiras, música e teatro ao ar livre. Um pouco mais adiante se encontra a Kapitelplatz, com um tabuleiro de xadrez gigante e uma esfera dourada com uma estátua humana sobre ela, de onde observa-se o Castelo medieval Hohensalzburg e dali decide-se visitá-lo ao subir pela trilha ou pelo funicular. A trilha é curta e fácil. Deste Castelo, que na verdade foi uma Fortaleza, pode-se observar a cidade com toda a sua beleza e os Alpes em torno dela. As lindas montanhas Já estavam verdes em maio, mas ainda ostentava  picos nevados, lembrando do recente inverno.

Nesta Fortaleza há um museu que mantém uma coleção de armas, uniformes, equipamentos bélicos, e informações sobre os vários momentos históricos do Festung Hohensalzburg, nos seus quase mil anos de existência.

Dentro do Castelo há também um teatro de marionetes com figuras e fatos relacionados à cidade.

E assim o dia passou e eu ainda voltei para a Altstadt para comer algo antes de voltar ao hotel.

30 de Maio de 2015

Acordei muito cedo, tomei o café assim que o restaurante abriu, pois eu ia para Hallstatt naquele dia. Estava ansiosa.

Fui de ônibus. O dia não estava bonito, não havia sol, pelo contrário choveu várias vezes durante aquele dia nos dois períodos. A estrada de Salzburg para Hallstaat mostrava além da lindas montanhas, a sua arquitetura típica em um misto de alvenaria e madeira, que em nada poluía a beleza natural daquele lugar. Logo avistei o  Hallstaatssee e em pouco tempo chegamos naquele lugar, uma vila de casinhas muito próximas uma das outras ao pé da montanhas à beira do lago.

Antes mesmo de apreciar a beleza do lugar, embora com chuva, tomei um barco que atravessou o lago e retornou. De dentro do barco tomei várias fotos, que mesmo sem a luz do sol, mostrou belas imagens. As casas de madeira, a maioria delas rústica, com suas flores nas janelas, formam um quadro tão lindo que não parece real.

Prometi a mim mesma retornar àquele lugar, em um dia de sol para apreciá-lo melhor e explorar mais: fazer uma trilha, ir além. Mas ainda não o fiz.

Retornei para Salzburg no fim do dia, ainda com chuva.

31 de Maio de 2015

Domingo. As igrejas chamavam para as missas. Umas católicas outras evangélicas.

As pessoas estavam com suas roupas especiais. Adultos e crianças vestiam-se com suas roupas de domingo para irem à missa. Os sinos tocavam.

No meio da manhã, uma orquestra tocava nos jardins do Palácio de Mirabell. Uma beleza de apresentação clássica.

O jardim estava colorido e perfumado pelas rosas. O dia estava lindo. O rio Salzach brilhava refletindo os raios de sol e algumas papoulas cresciam às margens dele.

Depois do almoço em um restaurante da Getreidegasse, fui a uma reserva florestal, em uma das montanhas de onde se podia ver o Festung no mesmo nível de altura e pude fotografá-lo de outro ângulo. Do alto desta montanha, avista-se os Alpes com todo seu esplendor. Aquela sensação de pertencer à natureza me retornou. Sem pensamentos, sem gestos, estar e ser apenas sem explicar sentimentos nem pensar no próximo passo. Qualquer coisa como uma fusão dos três reinos. Fiquei ali por algum tempo e depois desci a montanha para ver o pôr-do-sol,  sentada em um banco à beira do rio.

E o sol me compensou pela sua ausência no dia anterior, presenteando-me com um belíssimo entardecer. No dia seguinte eu seguiria para Munique.

BUDAPESTE

22 de Maio de 2015

Após subir um lance de escada, deparamos-nos, naquele edifício antigo, com um lindo elevador com porta gradeada de ferro. Era um pouco sinistro. O corredor, o clima, enfim parecia cenário de filme de suspense, mas ao entrarmos e sentirmos o conforto e aconchego do apartamento de quatro cômodos grandes, toda a desconfiança desapareceu e logo nos espalhamos para aproveitar daquele espaço e momento agradáveis. Tínhamos um ótimo chuveiro, uma cozinha e lavanderia superequipadas, um quarto grande com uma salinha de jantar e estar conjugadas. Dormimos muito bem e acordamos cedo para conhecer a cidade. Em frente ao prédio havia um café com deliciosas opções para a alegria de Maria, que curtia muito um café de padaria.

23 de Maio de 2015

Tomamos café e andamos poucos metros e logo estávamos à beira do Danúbio, próximas da Liberty Bridge de cor verde, muito linda. Perto também estava o Central Market Hall e ao atravessarmos a ponte, chegamos à Buda, em frente às Termas Gellert. Ao lado havia uma trilha que levava à Citadela, a melhor vista da cidade, mas não fomos lá naquele dia.

  Chovia muito na manhã daquele sábado, e Maria ainda estava um pouco abatida pela gripe e não tinha energia para andar por Buda e por Peste. Então compramos tickets do ônibus turísticos Hop-on-Hop-Off que andou por toda a cidade mostrando lugares relevantes enquanto relatava a história de Budapeste. Paramos em vários pontos e retomamos ao ônibus muitas vezes. A arquitetura é incrível! Que pontes maravilhosas! E pensar que foram reconstruídas depois da segunda guerra, em tempo muito curto, mantendo suas características originais, faz com que se tenha mais admiração pela Hungria, tão castigada e tantas vezes reerguida.

À tarde a chuva parou e então subimos pela escadaria (Maria queria ir pelo funicular, mas me seguiu pelas escadas) para irmos ao Castelo de Buda e passamos o resto do dia visitando o Castelo, a Igreja de São Matias e o Bastião dos Pescadores. O tempo mudou totalmente e o céu estava muito azul com algumas nuvens acumuladas, muito brancas. A vista do alto mostrava  Peste em todo a sua beleza, onde se destacavam o Parlamento Húngaro e as Pontes.

24 de Maio de 2015

Aproveitamos muito este lindo domingo.

Fomos a pé até o Parlamento Húngaro, maravilhoso; vimos o monumento aos judeus, à beira do Danúbio, as réplicas de sapatos masculinos e femininos feitos de bronze, que fazem lembrar o momento quando os judeus, durante a segunda guerra mundial, tinham seus sapatos retirados antes de serem jogados ao rio. Apesar da beleza do lugar, ver aquele monumento causa uma dor profunda, uma dor que não tem cura, pois fatos como aqueles ainda se repetem por intolerância ou preconceito.

Atravessamos a Chain Bridge, a Elizabeth Bridge e a Margaret Bridge. Fomos à Margaret Island, onde passamos algum tempo tranquilo antes de um almoço especial, em Buda.

Tivemos um dia incrível, bons restaurantes, muitas fotos e terminamos com um passeio de barco pelo Danúbio ao pôr-do-sol. Vimos as cores do entardecer, as luzes acendendo e mostrando os mais lindos pontos turísticos iluminados.

25 de Maio de 2015

Na segunda-feira, minha filha voltou de trem para Viena. Dali em diante eu continuaria a minha viagem solitária. Deixei a estação chorando. Fui para a margem do Danúbio, chovia novamente, uma chuva fina. De repente toda a vontade e toda a energia desapareceram  e incrivelmente começaram a doer meus tornozelos, pescoço e dentes, como se um redemoinho entrasse pela minha boca e estressasse todo o meu sistema. Esperei o tempo que restava, antes de poder entrar no hotel que ficaria a partir daquele dia, andando devagar na chuva e nada mais me parecia belo. O tempo ficou escuro e o céu também chorava.

Às 15:00 horas fui  para o hotel, tomei um chá e dormi. Quando acordei já estava recuperada.  Ainda teria dois dias inteiros para  explorar a cidade e seguiria no dia 28 de maio para Salzburg.

Nos dias seguintes experimentei as padarias, sorveterias, cafés e andei de metrô por lugares que ainda não havia ido. Vi a estátua do escritor anônimo no parque Varosigled, subi a pé até a estátua da liberdade no Monte São Geraldo, e tirei fotos incríveis. Fui a Central Market Hall e muitas vezes, fiquei apenas sentada olhando para o Danúbio, refletindo, refletindo sobre a vida. Em um destes dias, um senhor sentou-se ao meu lado e iniciou uma longa conversa em que eu dei toda a atenção. O quanto são preciosos estes momentos com pessoas locais. O quanto sou grata por ter encontrado pessoas tão interessantes.

28 de Maio de 2015,

Antes de entrar na Budapeste Keleti, Estação central de trem, entrei em um Mcdonalds para um sanduíche antes de partir. E também, é claro, para aproveitar um pouco da internet. Doei minhas moedas húngaras (Forint)  e parti para a Áustria.  O trem faria conexão em Viena. Então ainda sentiria o cheirinho de Maria, antes de ir para o oeste, conhecer a Cidade de Mozart.

VIENA

15 de Maio de 2015

Depois do encantamento de Praga fui para Viena de trem e encontrei minha filha, que estava estudando na Universidade de Viena. Ela estava adoentada, com gripe, abatida e visivelmente triste.

Então fiquei dois dias em um hotel e fui,  no fim do domingo 17 de maio,  para o apartamento dela. Eu tinha antigripais na bagagem, que foram úteis na ocasião.

Quando cheguei à cidade de Strauss, na sexta-feira, no fim de tarde, esperavam-me na estação minha filha e uma amiga que veio visitá-la; uma amiga brasileira que estava estudando na Universidade de Innsbruck.

Ganhei  tempo e experiência com isso. Elas de imediato me derem um mapa do Metrô e fomos  ao hotel em que eu ficaria hospedada, para deixar a bagagem. Era longe da estação, mas o sistema de transporte é tão perfeito que o metrô atende a todas as regiões de Viena com rapidez e eficiência.

Voltamos para o Centro onde está a Stephansdom,  aquele linda catedral com telhado colorido. Fomos procurar um lugar interessante para jantar e enquanto procurávamos olhávamos atentamente para tudo.  Comemos Schnitzel com batatas, especialidade vienense que agradava a todas.

Após o jantar, fui para o hotel e elas para o apartamento onde minha filha estava morando, um local para estudantes.

No dia seguinte, no sábado combinamos de nos encontrar em uma intersecção de linhas do metrô. Comprei meu passe para 24 horas na máquina e as encontrei em um ponto de encontro das linhas amarela e roxa.

Naquele sábado fomos ao Palácio e jardim Hofburg,  aos arredores do  Kunsthistorisches Museum, em uma linda Igreja às margens do Danúbio, Igreja de São Francisco de Assis. Em seguida almoçamos, fomos ao Stadion, um shopping Mall próximo ao Donau Marina, e fomos ao supermercado.

No fim do dia, minha filha e sua amiga voltaram para o apartamento e eu fui com elas para ver o endereço, pois iria para lá no dia seguinte. Na volta vi o pôr-do-sol no Rio Danúbio. Não voltei para o hotel ainda, fui ao Centro de Viena próximo a Stephansdom,  e andando um pouco mais, ao lado da Wiener StaatsOper,  cujo teatro estava lotado, foram colocadas cadeiras diante de uma grande tela de projeção, onde era possível assistir à opera Henrique VIII, que estava sendo encenada naquele momento no teatro. Havia uma chuva fina que a sombrinha era capaz de barrar. Então escolhi uma cadeira e sentei para assistir.

Depois voltei para o hotel.

17 de Maio de 2015

No dia seguinte de manhã, no domingo, fui encontrar as meninas na Stephansdom,  durante a missa. A missa era acompanhada pela Orquestra de Viena. Maravilhosa. Após a missa fomos ver a Peterkirche, e depois pegamos o Metrô e decidimos não almoçar, e  sim irmos ao Café Sacher experimentar a torta Sacher. E assim fizemos. Após fomos para o Prater, parque de diversões onde está a Wiener Riesenrad, a roda gigante de Viena entre outros brinquedos e guloseimas.

 Tiramos fotos, voltamos para área dos Museus, novamente decidimos não entrar,  pois haveria tempo durante a semana.

Domingo à noite fui do hotel para o apartamento. Teria de segunda a quinta-feira para explorar a cidade antes de irmos para Budapeste.

A primeira coisa que fiz na segunda-feira foi descer do metrô no Donau Marina e ir andando ao longo do Danúbio. Assim que iniciei a caminhada encontrei uma papoula solitária e depois mais três. A Ponte sobre o rio, moderna e brilhante, fez com que eu parasse para fotografar. Sentei  em um banco e fiquei ali ainda por algum tempo. Era o porto dos cruzeiros pelo Danúbio, que vinham da Alemanha, cruzavam a Áustria, iam para Eslováquia e depois para a Hungria.

Era a primeira vez que eu via o Danúbio. Não era azul, conforme Strauss denominou em sua valsa. Apesar da sua grande importância não me provocou a mesma paixão que o Reno me causou. Talvez por causa da cor verde do Reno, ou da sua energia. Eu não sei. Os rios me fascinam, assim como as pontes, mas o Reno causa mais que fascinação.

Continuei minha caminhada e cheguei na Trinitarierkirche zum Heiligen Franz vom Assisi e lá fui novamente, e lá rezei novamente. Vi os corvos que eu jurava eram meios corvos e meios pombos. Atravessei a ponte e fui para o lado dos grandes prédios de arquitetura ultramoderna. Entrei na estação do metrô e fui para o Centro, desta vez para o Volksgarten onde fiquei por algum tempo. Estava coberto de rosas de todas as cores. Almocei em um restaurante dentro do jardim e comi pela primeira vez Salsicha branca com batatas. Adorei.

Os Museus não abrem na segunda-feira e eu tentei depois por duas vezes ir ao Kunsthistorisches Museum e não o encontrei aberto. Pretendia ir apenas neste e no Belvedere. Fui ao Belvedere no dia seguinte, primeiro no jardim que muito me interessou com todas as plantas catalogadas assim como as suas muitas ervas medicinais. Depois  fui para o museu, principal e menor, e não imaginava o que eu ia encontrar lá, não sabia o impacto que me causaria e que, desde então, só penso em voltar.

Sim eu vi as lindas obras de Gustav Klimt! As mais lindas estavam lá com seu brilho dourado em sala escurecida. Fiquei lá por muito tempo, muito tempo, tanto tempo que descobri pela primeira vez um artista que não conhecia antes, que me chamou a atenção pela força daquele quadro chamado “ O Abraço” e olhei tanto que eu vi onde começava a influência de Klimt nas obras e onde elas terminavam; e vi os casarios em tons de terra, enfim ele se apresentava para mim. Era Egon Schiele com toda a sua ousadia. No ano seguinte fui à Ceski  Krumlov, na vizinha Republica Tcheca,  ver seu museu e a linda cidadezinha por ele pintada e perpetuada.

Os jardins do Palácio Belvedere também são lindos e convidam a ali ficar para refletir. Refletir é o que mais se faz em uma viagem do estilo da minha. Além da contemplação da beleza  abundante deste nosso planeta, contemplação esta que nos ensina a meditar naturalmente, há o prazer de ver e ouvir as obras dos artistas que por vezes passam por aqui tão rapidamente como Schiele e Schubert, que produziram tanto, em tão pouco tempo, como se soubessem que o tempo era curto para eles.

21 de Maio de 2015

Na manhã desse dia eu passei algumas horas no Parque da Cidade entre as estátuas de Strauss, Mozart, Schubert e Schindler, conversando com eles, em pensamento, sobre música,  é claro. Encontrei mais uns pares de papoulas de cor rosa salmão, diferentes e lindas. Estava me despedindo, mas não sabia que algo se reservava para mim naquela tarde. Seria o último dia de exploração antes de partir para Budapeste no dia seguinte. Depois de almoçar algo no Mc Donalds, desta vez para usar a internet pois naquele ano eu não tinha chip e ainda era difícil de encontrar conexão wi-fi; então eu ia e voltava em alguns pontos onde eu sabia que havia sinal e tomadas para carregar meu celular; os três lugares escolhidos estavam distantes um dos outros; eles eram o Mc Donalds no centro, o Shopping center Stadion e o Café Segafredo na Estação de Trem. Meu passe diário de metro que custava 16,50 euros me permitia essa movimentação constante; então eu fui na Peterkirche apenas para descansar, mas quando lá cheguei havia uma apresentação de uma soprano cantando as Ave Maria de diversos compositores acompanhada pelo órgão da igreja. Foi tão lindo, tão incrível, que eu recebi como se fosse um presente. Eu chorei. A acústica, o som celestial do órgão, a voz perfeita da soprano, era como se fosse algo realmente do céu e não da terra. Como ela estava acima de todos, no lugar destinado ao órgão, de frente para o altar,  não era vista, apenas soava vindo do alto daquela linda igreja católica barroca, eu poderia ter certeza que não eram terrenos aqueles angelicais instrumentos de cordas. Foi muito especial.

22 de Maio de 2015

Pegamos o trem para Budapeste. Trem lotado. Pequena cabine de segunda classe com mulheres e bagagens. O idioma tcheco entrava e não encontrava nenhum significado nos meus parâmetros cerebrais. As duas mulheres sentadas uma para a outra, que se percebia tratar de mãe e filha,  não pararam de falar um único minuto. O assunto era inesgotável e a vontade de entender uma palavra pelo menos durou até a chegada à Hungria e a nossa atenção se voltar para a estação de parada que não sei por qual motivo fomos aconselhadas a descer. Sim era a estação onde eu teria acesso ao metrô que me levaria ao apartamento em Peste, próximo à Erzbeth Bridge, sobre o rio Danúbio. Uma chuva fina e uma escada com muitos degraus nos esperava, minha grande mochila alemã e minha mala pareciam pesar o dobro naquela escada que parecia “stairway to heaven” sem trilha sonora. Mas chegamos lá e não foi tudo. O chip austríaco não funcionou em Budapeste e tínhamos que chegar ao apartamento até às 20:00 horas. Mas como solidariedade é um elementos que jamais faltou em toda a minha viagem, uma menina emprestou seu celular para que fizéssemos a chamada. E lá fomos nós de metrô até o endereço. Parecia tão fácil. Mas não foi. Não havia uma sequencia lógica de numeração na rua indicada. Mas uma vez a solidariedade se apresenta em forma de um gentil rapaz que ligou do seu celular, após tentar nos ajudar a encontrar a tal numeração, e que também não teve sucesso. Ligou então, e a locadora veio nos buscar e nos levou até o endereço que seria impossível encontrar. Mas o edifício antigo era muito interessante. E o apartamento era grande e confortável com tudo o que eu precisava para colocar minhas roupas e cabelos em ordem, e matar o desejo de tomar o meu café, o meu chá, comer muitas frutinhas, müsli e iogurte no café da manhã, enfim de ficar confortavelmente por cinco dias em Budapeste.

PRAGA

9 de maio de 2015

Não tirei os olhos da paisagem entre Dresden e Praga, viagem em trem lotado de um sábado. O Rio Vltava e suas margens coberta com grama nova de um verde novo, mostrava casinhas com chaminés fumegantes.

Ao ver a primeira ponte, a paisagem mudou e se descortinava algo que não tinha visto ainda.

Uma vez mais o motorista de táxi me cobrou bastante caro para me levar muito perto. Como estava sem internet, não tinha noção da distância entre a Estação de trem e o hotel. Não posso considerar isso como uma boa recepção, mas aconteceu em Amsterdã, em Bruxelas e agora em Praga. De certa maneira, serve para que se fique alerta.

O Hotel era uma daquelas casas antigas barrocas que foram reformadas, mas que ainda mantinha características do estilo na parte externa e interna. O restaurante ficava no subsolo com arcadas nas aberturas e o pé direito um pouco rebaixado. Pensar que os proprietários daquelas casas tiveram que abandoná-las e ir para outro país em busca de refúgio, fez voltar a sentir meus pés doerem um pouco.

O sinal de wi-fi  só era acessado na recepção, então passei bastante tempo neste lugar, o que fez com que eu convivesse com as pessoas.

Acordei  muito cedo no dia seguinte ansiosa para ir ver a cidade.

No primeiro dia caminhei devagar, meus pés não estavam totalmente curados ainda. Mas na terça-feira já pude explorar a cidade com mais agilidade.

É uma cidade lindíssima. A arquitetura apresenta diferentes estilos totalmente preservados. As diferentes cores dos edifícios barrocos dão um ar alegre à cidade que é tão linda que a mesma paisagem vista em diferentes horas do dia parece outro lugar com outros detalhes a serem observados. O Rio Vltava e as lindas pontes são um espetáculo especial, e a casa dançante em estilo moderno surpreende.

Fiquei seis dias e foram insuficientes e eu planejei voltar no ano seguinte para explorar mais e melhor.

Então a cidade encanta pela arquitetura, pela gastronomia e pela riqueza cultural. Na cidade velha, Staré Mesto, além do famoso Orloj, um relógio astronômico que é a maior atração do lugar, há o bairro Josefstadt com belíssimas e luxuosas casas que foram tomadas dos judeus, e que hoje são lojas de grandes marcas. Ainda na cidade velha, encontram-se o gueto, o cemitério judaico, a sinagoga, a casa onde nasceu Franz Kafka, assim com a estátua que caracteriza a obra “Carta ao Pai” , referente à carta escrita ao pai e nunca enviada, de mais de cem páginas, e que foi publicada após a morte do escritor.

O Museu de Franz Kafka está no bairro Mala Strana, na casa onde ele morou por um tempo, onde escreveu alguns de seus trabalhos e descreveu o que via de sua janela. Lá estão muitos documentos e cartas que mantém viva a memória do autor de “A Metamorfose” , um ícone da literatura pós-moderna, que deixou sua marca através da escrita melancólica, sendo considerado um dos escritores mais influentes do século XX.

Atravessando a Ponte Charles, com suas estátuas de santos,  segue-se para o Castelo de Praga, Hradcany, e ao lado deste a Linda Igreja Gótica de São Vito.

Em Nové Mesto (cidade nova) encontra-se o Teatro da Cidade, o mesmo teatro que estreou a ópera Don Giovanni, de Mozart.

É uma das cidades mais lindas que já vi, e o que eu não vi, por falta de tempo,  nesta viagem de 2015, voltei para ver no ano seguinte, quando lá passei mais dez dias. Fui então à Biblioteca Klementinun,  e vi os primeiros instrumentos de estudo astronômico; subi na torre de observação das estrelas e avistei Praga na altura de seus telhados. Vi que as cores harmoniosas e semelhantes das coberturas ocres, mostram o interesse pela beleza e o capricho mesmo naquilo que só se vê estando no alto. Revisitei restaurantes maravilhosos, comi pela segunda vez o melhor Goulasch servido no pão rústico recentemente assado no Restaurante Grego Katocombi (embora o prato seja de origem austro-húngara) e voltei a  outros restaurantes também com perfeitos cardápios, desde os sabores suaves dos aspargos com peixes às carnes com molhos fortes. E tomei mais uma vez a cerveja considerada a melhor do mundo. Enfim deixei-me envolver pelo clima da cidade na primavera que é festivo, com muita musica e apresentações públicas por todos os lugares que se passe.

Tive a oportunidade de ver a manutenção nos trilhos do trem, e observar o quanto novas eram as porcas e os parafusos e quanto preservados eram os trilhos daquele trecho que a minha atenção estava voltada.

Andei à pé e de metrô  e por fim fui de ônibus para Cesky Krumlov,  para ver o Museu de Egon Schiele e vi muito mais que isso. Uma linda e pequenina cidade, com 22 Km² e com o maior castelo da Republica Tcheca dominando a paisagem no seu ponto mais alto, com arquitetura de características gótica, renascentista e barroca, de onde se avista toda a cidade que é  abraçada pelo Rio Vltava e que provocou no artista, Schiele, a necessidade de pintá-la, resultando em vários quadros que convidam a conhecer este lugar que é patrimônio histórico mundial.

A viagem de ônibus de Praga à Cesky Krumlov foi outra deliciosa experiência visual. Ver os campos amarelos das plantações e as pequenas cidades, as paisagens encantadoras que fazem bem aos olhos e ao coração.

Voltando a 2015, lembro que no último dia, 15 de maio, eu fui ao Castelo de Praga, antes de embarcar, tomei um vinho quente, e sentei-me na praça em frente a Igreja, despedindo-me do lugar que eu pretendia voltar para ver e explorar mais, pois parecia ter sido  insuficiente.

Naquele dia eu iria para Viena e lá encontraria minha filha, após um mês viajando sozinha pela primeira vez.